Doce Ponto Vernal

Doce Ponto Vernal

As violetas do meu jardim estão mais frescas 
Suas pétalas desabrochavam e o aroma verde e terroso dançava ao ar livre
Feito uma Primeira-Bailarina em seu palco
Como as libélulas que voam avidamente sob as gotículas de água
Que serpenteiam no meu muro de tintura desgastada 
No último dia chuvoso de inverno eu me peguei pensando 
Como seria bom ter tido uma avó que me ensinasse a costurar
Como todas as outras moças complacentes tiveram;
E também a preparar chás e bolinhos pela tarde
Como as moças femininas que sempre invejei;
Neste primeiro dia de primavera
Meu homem não retornou com os lírios do vale 
Como ele havia prometido que faria 
A cada ano 
A cada primavera;
Sinto falta da simplicidade que torneava-me anos atrás
As estrelas cadentes, a chuva e meu gatos de estimação
Do tempo na qual eu pendurava rosários e imagens da Virgem Maria pela minha parede
Nunca fui cristã
Mas a feminilidade e a graça da Virgem sempre me resplandeceram 
E agora, ser inteligente não me levou muito longe
Não mais do que eu esperaria que fosse
Nada mais me restou além dos rosários empoeirados e as violetas de primavera
Doce primavera
Acho que sentirei sua falta para sempre.

— Ayla Victória.